Jovem talento chega do Blue Note Tokyo e retoma seu show de lançamento
do álbum com releituras do gênio da MPB,
Dia 16/08, no Soberano Jazz Club, em Itaipava
Ouça aqui "Theo Canta Chico":
https://orcd.co/theocantachico
Aos 27 anos, voluntariamente filiado à bossa nova (e por ela carinhosamente adotado), mas também muito identificado com o samba, Theo Bial chega ao terceiro álbum da carreira solo com um projeto de intérprete. O escolhido para a homenagem não é qualquer um, nem poderia ser. Depois de "Vertigem" (2022) e "Neo-Bossa" (2023), o cantor e compositor carioca se joga em releituras de Chico Buarque, um nome que carrega fortes laços bossanovistas, mas que sempre, assim como João Gilberto, se viu fazendo samba. "Theo canta Chico" é o nome do álbum, que foi lançado em todas as plataformas digitais em junho, e do show que acontece no Soberano Jazz Club, dia 16 de agosto.
Esta será a primeira apresentação do cantor depois da Tour do Japão com Roberto Menescal e Lisa Ono, em oito shows no Blue Note Tokyo, e mais dois shows sozinho (voz e violão) no Blue Note Place. Theo Bial canta Chico Buarque já é sucesso de público. O espetáculo lotou duas temporadas em 2024 e 2025 (julho), no Blue Note Rio e São Paulo.
Filho de Pedro Bial e Giulia Gam, Theo vem encantando a plateia e dividirá o palco do Soberano Jazz Club com Edgar Araujo na Bateria e Lucio Rodrigues no violão 7 cordas.
THEO CANTA CHICO - SHOW
A ideia de "THEO CANTA CHICO", surgiu após um post nas redes sociais cantando 'Homenagem Ao Malandro'. A publicação teve um alcance muito maior do que a média e um retorno positivo do público. O roteiro é assinado por Analimar Ventapane (filha de Matinho da Vila), que também fez a direção artística.
Músicas como: "Eu te Amo", "Anos Dourados", "Grande Hotel", "Ela faz Cinema", "Vai Passar" e "Homenagem ao Malandro", fazem parte do repertório recheado de clássicos de Chico Buarque.
SERVIÇO:
Local: Soberano Jazz Club - Petrópolis JR
Estrada União e Industria, 11.000 - Estação Locanda - Itaipava
Dia: 16 de agosto (sábado)
Horário show: 20h
*Salão abre às 18h
Valor: R$ 200,00 inteira e R$ 100,00 meia
***Moradores do Estado do Rio de Janeiro e de Juiz de Fora pagam meia entrada
LINK DE VENDAS
https://soberanojazzclub.com.
Ou pelo Whatsapp:24 2237-6393
O ÁLBUM - FAIXA A FAIXA "THEO CANTA CHICO"
A introdução é com uma "Homenagem ao Malandro" diferente, sem o gingado gafieirístico que o trombone de Ed Maciel confere à gravação original, mas com o talento de Felipe Miranda ao sax. E com um pulo do gato: o banjo à moda Arlindo Cruz de João Martins, herdeiro musical de Wanderson Martins (chorão emérito e cavaquinho de ótimos serviços prestados a Martinho da Vila e Dona Ivone).
A flauta transversal de Felipe Miranda puxa a segunda faixa, "Essa Moça Tá Diferente", com certa latinidad reforçada pelo violão de Theo e as congas dos irmãos Guido e Raoni Ventapane, em clave de són suave. No piano elétrico, o craque Adriano Souza (fera que acompanha Paulinho da Viola, Roberto Menescal e Mauro Senise) deita e rola.
Corta a ação para um bar suburbano (ou poderia ser o megaortodoxo Bip-Bip, em Copacabana): "A Rita" começa só no cavaco, depois seguido por voz, caixa de fósforo, prato e faca, e garrafa. E então entra a baixaria do violão de 7 de Vinicius Magalhães, cria do choro de Brasília e atual trunfo da banda de Ivan Lins."A ideia era passar uma parada de botequim, eu sentado no bar e falando da Rita, 'vamos beber pra esquecer'...", conta Theo.
Sem contorcionismos ou cavalos-de-pau, mas, como dizia Bezerra da Silva, "provando e comprovando sua versatilidade", o álbum avança para um clima de piano bar sofisticado de outras eras. Theo revisita o eu lírico feminino buarquiano em um terreno onde o próprio Chico não se propôs a pisar: a libertária "Folhetim", ambientada com elegância pelo piano de Adriano Souza e pelo contrabaixo acústico do mestre Adriano Giffoni (referência do instrumento na MPB), e o reforço do trompete de Raphael Sampaio (da banda de Hermeto).
Em "Cotidiano", o arranjo conceituado por Analimar (mãe de Raoni, filha de Martinho), que fez a direção do primeiro show de Theo em homenagem a Chico, tem flauta e o agogô, referência maior da gravação original, mas desemboca num inesperado maracatu... E no final percussivo, cabe até uma guitarra, tocada pelo próprio Theo.
Outra reinvenção surpreendente vem em "João e Maria". "Transformamos a valsa numa macumba", descreve Theo, orgulhoso, fazendo questão de creditar a ideia à Analimar. "Dois ritmos ternários, né?". A percussão simula a "cavalaria" dos personagens da canção, com direito até a galope. No clima bom de estúdio, de produção colaborativa, não faltou a contribuição de Mart'nália, tocando xequerê, a partir das dicas de Cláudio Britto (filho do lendário Ovídio Britto), percussionista da banda de Martinho.
"Leve", a parceria de Chico Buarque com Carlinhos Vergueiro que canta um desses tão decantados amores líquidos (o livro de Zygmunt Bauman saiu em 2003, a música é de 1996), marcava no show de Theo o começo de uma sequência intimista, sem banda. Na gravação, recebe tratamento delicado, com o violão de Vinícius Magalhães se juntando à base de Theo, com discretos comentários da flauta de Felipe Miranda. Fã da "melodia transparente, flutuante" da canção, o intérprete saboreia também o "lado Tarantino" do lirismo: "não se atire do terraço, não arranque minha cabeça".
Na difícil "Eu Te Amo", ele se joga sem rede de proteção, trazendo um contraste inusitado. Apresenta com nudez joãogilbertiana, só a voz, contida, e o violão (próprio), uma das composições de Chico que mais admira e que tem na sua versão mais conhecida todo um arrebatamento dramático, expresso com piano, orquestra, vozes arranjadas e o brilho do cometa Telma Costa.
Para a belíssima "Cecília", que completa o bloco intimista, Theo contou com o feat. de Vinícius Magalhães, valorizando a participação do instrumentista, com um violão que trata tão bem as delicadezas da harmonia de Chico e Luiz Cláudio Ramos.
Em "Ela Faz Cinema", o cantor se mostra mais uma vez muito à vontade; introduz sutis diferenças na harmonia e eleva a temperatura, ainda na dinâmica de samba-choro, mas com uma bem encaixada cuíca.
Com autenticidade, ele traça "Futuros Amantes", um dos grande desafios do repertório, com notas mais longas e a elegância necessária, na companhia refinada de Raphael Sampaio ao trompete e Adriano Souza ao piano (e também pad).
"Samba do Grande Amor" abre o microfone para um convidado especial: Vidal Assis, uma das vozes mais bonitas de sua geração (na casa dos 40 anos), talento com o selo Hermínio Bello de Carvalho de qualidade. "Admiro demais! Ele foi no meu show, comprando ingresso, amarradão. Tinha que convidá-lo pro disco", comenta Theo. Na instrumentação, repique de mão de Guido Ventane e tantan de Cláudio Britto dão um refrescante sabor de Fundo de Quintal.
"Ilustríssimo Ciro" é uma das pérolas do repertório, pedida do pai de Theo, tricolor doente. Com suingue suave já a partir do violão, faz bonito no breque, com o pandeiro de Raoni Ventapane e o ganzá de Kaká Nomura deixando para o ouvinte o prazer de completar mentalmente o som da caixa de fósforo do Formigão -- Ciro Monteiro, destinatário homenageado por Chico na composição --, marca da gravação original.
Theo arrisca uma dolência diferente para "Quem Te Viu, Quem Te Vê", em que toca violão e cavaquinho, com o violão 7 cordas de Vinícius Magalhães e todo o time de ritmistas na retaguarda.
No encerramento, "Apesar de Você" também em registro "natural", quase low profile, deixa a catarse para a galera que inevitavelmente vai cantar junto. Um encerramento mais que adequado para este trabalho que traduz com personalidade o amor e o respeito não só pela obra de Chico Buarque, mas também para os modos e maneiras buarquianos com que o autor sempre interpretou as próprias canções.