Professores de renomadas escolas musicais de Paris, Dominique de Williencourt (violoncelo) e Jean Ferrandis (flauta) dividem o palco com a Camerata Uerê, que completa dez anos de atividades, dentro do Música no Museu
Com 15 integrantes entre 14 e 26 anos, a formação mais experiente da Camerata Uerê, formada a partir do Complexo da Maré. toca obras-primas de Bach, Vivaldi e Tchaikovsky junto com dois consagrados músicos franceses, professores em duas das maiores escolas musicais de Paris - e do mundo - neste sábado (28), às 18h, no Consulado de Portugal, em Botafogo. O encontro fecha com chave de ouro o programa de outubro do Música no Museu, maior série fixa de música clássica do Brasil, com 26 anos de atividade ininterrupta.
A formação está com nove violinos, três violas, dois violoncelos e um contrabaixo, fora os solistas. A orquestra de câmara de cordas mostra o resultado da evolução de uma década, que a Camerata Uerê completa em 2023, como parceira do Música no Museu. É também seu primeiro grande concerto sob a regência do maestro Mateus Araujo, que a assumiu em julho.
O repertório começa com o Prelúdio das "Bachianas Brasileiras n.4", de Heitor Villa-Lobos, "uma das mais expressivas páginas da música brasileira", nas palavras de Mateus Araujo, cujo currículo inclui o posto de regente titular de orquestras como Jazz Sinfônica de São Paulo, Sinfônica de Ribeirão Preto, Sinfônica do Theatro da Paz (Belém), Orquestra Sinfônica Brasileira Jovem e Sinfônica Jovem do Rio de Janeiro.
Também compositor e violinista, o próprio maestro é o solista na sequência, em "O Verão", das "Quatro Estações", de Vivaldi.
Começa, então, a participação dos franceses, primeiro com Jean Ferrandis, flautista e professor da École Normale Supérieure de Paris, tocando como solista em três das mais famosas obras de Vivaldi, J W Gluck e Bach.
O violoncelista Dominique de Williencourt, professor do Conservatório de Paris, toca como solista, em seguida, duas obras para violoncelo e orquestra, de Tchaikovsky e Saint-Saëns.
Ao final, os dois músicos franceses tocam juntos com a Camerata Uerê a "Melodia Sentimental da Floresta do Amazonas", de Villa-Lobos.
"Certamente, teremos mais surpresas", afirma o maestro, que já adianta participação, ao final do concerto, da camerata infanto-juvenil. São 30 crianças e adolescentes, entre 9 e 15 anos, em fases mais iniciais de aprendizado do projeto, que é de formação contínua.
Em atividade desde 2013, parceira do Música do Museu, a Camerata Uerê é o braço musical do projeto Uerê, organizado pela artista plástica Yvonne Bezerra de Melo para atender a crianças e jovens marcados por traumas resultantes da violência no Complexo da Maré, na Zona Norte do Rio.
A conexão Brasil-França vem desde sua fundação, tendo como mentora e primeira diretora musical a professora Constance Despretz, também francesa e, agora, responsável por trazer o flautista e o violoncelista.
"Com obras importantes na história da música, posso dizer que a camerata terá um desafio de tocar obras interpretadas pelas maiores orquestras profissionais", ressalta Mateus Araujo, que destaca o processo de formação e desenvolvimento musical dos jovens no projeto.
"A maior parte das crianças e jovens é da Maré, mas outros, de comunidades vizinhas, participam. A formação de um músico é um processo lento e vem desde cedo com aulas e ensaios que transformam a vida dos jovens trazendo não apenas conhecimento e capacitação, mas também uma perspectiva profissional. A expectativa é enorme, porque os desafios são cada vez maiores. Eles estão descobrindo a música e enfrentando um repertório que é praticado grandes orquestras profissionais", celebra o maestro.
"Além da vivência musical, podem ter o contato com professores e artistas de nível internacional. Por exemplo, o flautista Jean Ferrandis e o violoncelista Dominique de Williencourt são professores renomados da École Normale e do Conservatório de Paris, respectivamente, algumas das instituições culturais mais celebradas do mundo. É uma alegria, uma honra e uma emoção diária poder conduzi-los neste caminho, e a direção corajosa e visionária do projeto e cada membro de sua equipe fazem um ambiente mágico acontecer, o nascimento do fazer artístico, - é como um berço de estrelas", conclui.
Camerata Uerê - Programação
H VILLA-LOBOS "Bachianas Brasileiras n.4: Prelúdio"
A VIVALDI Concerto para Violino e Cordas em Sol menor "O Verão"
Com Jean Ferais (flauta):
A VIVALDI Concerto para Flauta e Cordas em Sol menor "A Noite" RV 439
J W GLUCK "Dança dos Espíritos Abençoados" para flauta e cordas
J S BACH "Suíte orquestral n.2 para flauta e cordas: Badinerie"
Com Dominique de Williencourt (violoncelo):
P TCHAIKOVSKY "Andante Cantabile" para Violoncelo e Cordas
C SAINT-SAËNS "Concerto para Violoncelo e Orquestra n.1 em Lá menor op.33"
Com Dominique de Williencourt (violoncelo) e Jean Ferrandis (flauta):
H VILLA-LOBOS "Melodia Sentimental da Floresta do Amazonas"
Música no Museu
Camerata Uerê, Dominique de Williencourt (violoncelo) e Jean Ferrandis (flauta)
Palácio São Clemente - Consulado de Portugal
Rua São Clemente, 424, Botafogo
Capacidade: 140 lugares
Entrada franca
Fotos:
Camerata Uerê no Rio Harp Festival / Crédito: Manoel Luiz/Música no Museu/Divulgação
Dominique de Williencourt e Jean Ferrandis: divulgação dos mesmos
Assessoria de Imprensa: João Pequeno (21) 99944-5896