Na ocasião, também será lançado o livro “Fragmentos de Fantasias, Rasuras Ficcionais”, de Leonardo Bora
Como parte da exposição que reúne os vencedores da 16ª edição do PIPA, no Paço Imperial, será realizada neste sábado, dia 25 de outubro, às 14h30, na Sala dos Archeiros, uma conversa com Gabriel Haddad e Leonardo Bora, primeiros artistas do carnaval a vencerem o PIPA, um dos mais importantes prêmios da arte contemporânea brasileira. A conversa, que terá como tema “Rebordar memórias em mantos carnavalescos – fazeres e saberes artísticos dos desfiles das escolas de samba”, também terá a participação da crítica de arte e curadora Daniela Name, da escultora e doutoranda em História das Ciências e das Técnicas e Epistemologia da UFRJ Marina Vergara, da multiartista Rafa Bqueer e do enredista e doutor em Antropologia pela UFRJ Vinicius Natal. Após a conversa, às 16h, haverá o lançamento do livro “Fragmentos de Fantasias, Rasuras Ficcionais” (Editora UFRJ), de Leonardo Bora.
Durante a conversa, eles debaterão as relações entre os saberes e fazeres das artes carnavalescas das escolas de samba e a materialização das ideias e das percepções que os envolvem, em uma dimensão memorialística. Um desfile de escola de samba é construído por meio de memórias e pulsões artísticas que se entrelaçam, formando narrativas potentes – justamente o fio poético da obra “Rebordar”, instalação de Gabriel Haddad e Leonardo Bora que faz parte da mostra dos Premiados do PIPA 2025. “É tortuoso e desafiador o caminho de escolha de materiais de fantasias e alegorias – e ainda mais desafiador o processo de compreensão de como isso se comunica com outras artes”, dizem Haddad e Bora.
Na mostra, que fica em cartaz até o dia 16 de novembro de 2025, no Terreiro do Paço Imperial, Gabriel Haddad e Leonardo Bora apresentam a instalação composta por 12 quilômetros de fios de malha, cordas, cordões, cabos de luz e tubos de plástico, utilizados para “costurar” um globo de ferro ao manto carnavalesco que compôs uma das alegorias concebidas pela dupla para o desfile da Acadêmicos do Cubango de 2018. A instalação também utiliza materiais como rendas, pastilhas, galões, franjas, espelhos, paetês, botões, fuxicos e placas de acetato, comumente utilizados no dia a dia dos ateliês que produzem o “maior espetáculo da Terra”. Juntamente com a instalação, os artistas também apresentam um conjunto de desenhos de projetos de fantasias e carros alegóricos dos desfiles de 2018 e 2022. Além de Bora e Haddad, a mostra conta com obras dos demais vencedores do prêmio: Andréa Hygino, Darks Miranda e Flávia Ventura.
LANÇAMENTO DE LIVRO
Também no sábado, logo após a conversa, às 16h, será realizado o lançamento do livro “Fragmentos de Fantasias, Rasuras Ficcionais” (Editora UFRJ) de Leonardo Bora, que fala sobre as relações entre os estudos literários e os saberes do carnaval, pensando as relações entre três desfiles de escolas de samba que propuseram reflexões poéticas acerca das vidas e das obras de Carolina Maria de Jesus, Arthur Bispo do Rosario e Estamira. Além disso, as escritas de Bora buscam entender as encruzilhadas criativas presentes nos enredos, nos sambas de enredo e nas fantasias que passaram pelo Sambódromo nos cortejos analisados.
SOBRE OS PARTICIPANTES DA CONVERSA:
Gabriel Haddad e Leonardo Bora são multiartistas e professores brasileiros que encontram nas linguagens das escolas de samba a sua principal encruzilhada criativa. Enquanto carnavalescos, desenvolveram narrativas escritas e visuais para agremiações como Mocidade Unida do Santa Marta, Acadêmicos do Sossego, Acadêmicos do Cubango, Acadêmicos do Grande Rio e Unidos de Vila Isabel. Na Grande Rio, merece destaque o cortejo de 2022, “Fala, Majeté! Sete Chaves de Exu”, campeão do Grupo Especial carioca ao celebrar as potências de Exu. Misturando vozes e materialidades, expuseram trabalhos em instituições como o Museu de Arte do Rio, o CCBB-RJ, o Centre National du Costume (Moulins), o Grand Palais (Paris), o Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica, o Museu Bispo do Rosario Arte Contemporânea, o SESC Pinheiros, o Museu do Samba e o MUHCAB. Os enredos que desfiam em palavras, fantasias e alegorias propõem reflexões acerca de temas como religiosidade, fantasmagoria, metalinguagem e memória.
Daniela Name é criadora da plataforma curatorial Caju, dedicada à crítica de arte e ensaios através de três eixos curatoriais: Teia Crítica, Labirinto Zona Norte e Dobras da Folia, este último dedicado ao carnaval. Coordenadora editorial da CASA BRASIL. Pesquisadora associada ao Laboratório de Artes e Políticas da Alteridade (LAPA) da UERJ. Doutora em Comunicação e Cultura e Mestre em História e Crítica da Arte, ambos os títulos pela UFRJ. Diplomada pela Columbia University em curso livre sobre New Media. Atua em curadoria de arte desde 2004, realizando exposições no Brasil e no exterior. Publicou os livros “Espelho do Brasil” (2008) e “Almir Mavignier” (2012) e “Celeida Tostes” (2012), entre outros. Pela Caju, é curadora do projeto Livro Labirinto/Maré, realizado em parceria com a Redes da Maré, e da plataforma Teia Crítica. Daniela Name foi membro do Comitê de Indicação do Prêmio PIPA 2011, 2012 e 2025
Marina Vergara é doutoranda em História das Ciências e das Técnicas e Epistemologia do Programa de Pós-Graduação Strictu Senso do HCTE/UFRJ, linha de pesquisa em Historicidade de Saberes Tecnocientíficos no Brasil (2025). Mestra em História das Ciências e das Técnicas e Epistemologia do Programa de Pós-Graduação Strictu Senso do HCTE/UFRJ, linha de pesquisa em Epistemologia - Lógicas e Teorias da Mente (2024). Graduada em Licenciatura em Educação Artística pela faculdade integradas do Rio de Janeiro BENNET (2002). Bacharel em Escultura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro UFRJ (1991). Participou como Carnavalesca das Escolas de Samba da Cidade de Cabo Frio durante cinco anos (2001 a 2006). Atua no cenário artístico cultural com diversas exposições individuais e coletivas no Brasil e exterior, na área de Artes Visuais, com ênfase em Escultura e Instalações. Desde 2000, atua como escultora de alegorias no Carnaval carioca.
Rafa Bqueer tem formação pelo curso de Artes Visuais da Universidade Federal do Pará (UFPA). Estudou na Escola de Artes Visuais do Parque Lage. É multiartista, investiga perspectivas afro-amazônicas, ficção especulativa, travestilidade e ativismo LGBTQIA+ entre a fotografia, performance e o cinema experimental. Recentemente, tem se dedicado também a uma produção escultórica unindo arte têxtil com sua vivência como destaque de escolas de samba da cidade do Rio de Janeiro e com a cena Drag-Themônia de Belém do Pará. Rafa Bqueer foi indicada ao PIPA 2024.
Vinícius Natal é doutor e mestre em Antropologia pela UFRJ. Pós-doutorando no Programa de Pós-Graduação em Relações Étnico-Raciais (PPRER) CEFET/RJ. Pesquisador de enredo da GRES Unidos de Vila Isabel, com passagens pelo Acadêmicos do Cubango e Acadêmicos do Grande Rio. Foi Coordenador de Promoção das Políticas de Igualdade Racial (CPIR) do município do Rio de Janeiro.
Serviço:
Conversa com Gabriel Haddad, Leonardo Bora e convidados
Sábado, dia 25 de outubro, às 14h30
Centro Cultural do Patrimônio Paço Imperial (Sala dos Archeiros)
Entrada gratuita
Lançamento do livro “Fragmentos de Fantasias, Rasuras Ficcionais” (Editora UFRJ), de Leonardo Bora
Sábado, dia 25 de outubro, às 16h
Centro Cultural do Patrimônio Paço Imperial (Sala dos Archeiros)
122 páginas
R$40
Exposição “Prêmio PIPA 2025
Andréa Hygino, Darks Miranda, Gabriel Haddad & Leonardo Bora e Flávia Ventura” (Sala Terreiro – piso térreo)
Visitação: até 16 de novembro, 2025
Centro Cultural do Patrimônio Paço Imperial
Terça a domingo e feriados, das 12h às 18h
Praça XV de Novembro, 48, Centro, Rio de Janeiro
Entrada gratuita

